Esta semana a Bióloga Camila Roberta da Silva Ribeiro estará tirando algumas dúvidas frequentes dos nossos clientes.
– Quais os maiores desafios de uma bióloga atualmente para conscientizar as pessoas a respeito da conservação do meio ambiente?
Camila – Fazer com que as pessoas entendam que toda “ação tem uma reação” ou seja tudo que fazemos hoje com o meio ambiente, terá uma reação no futuro, um exemplo disso são as alterações climáticas que estão ocorrendo devido ao aumento das emissões de gás carbônico na atmosfera e a falta de água em muitas cidades devido ao desmatamento e poluição de recursos hídricos.
– Qual o risco de depositar animais após o óbito em valas ou covas comuns e sítios, sendo esses com doenças infecciosas?
Camila – Qualquer animal morto apresenta risco potencial à saúde pública devido à presença de agentes biológicos que podem contaminar o meio ambiente e transmitir doenças, e o caso se agrava ainda mais se o óbito do animal tiver ocorrido devido alguma zoonose ou doença contagiosa, pois pode haver transmissão para pessoas e para outros animais.
– Tem diferença do necrochorume produzido pelo corpo do pet em decomposição em relação ao corpo humano?
Camila – Qualquer corpo em decomposição causa impactos semelhantes ao ambiente, no entanto, em animais domésticos se encontram uma maior diversidade de microrganismos, com um grau maior de patogenicidade, apresentando maior risco à saúde da população.
– Qual a importância da remoção dos pets em óbito nas ruas de nossas cidades?
Camila – Evita a contaminação de aquíferos subterrâneos, do solo e evita transmissões de doenças tanto para a população quanto para outros animais.
– Para evitar a contaminação de animais que comem essas carcaças deixadas nas ruas, como combater a disseminação de doenças graves?
Camila – Por meio da cremação dessas carcaças, pois esta prática destrói todos patógenos, e impede que o solo e água sejam contaminados por substâncias presentes no necrochorume.
– O que acontece quando o necrochorume atinge os corpos hídricos?
Camila – O necrochorume apresenta substâncias orgânicas resultantes da decomposição, como a cadaverina e a putrescina, sendo a principal fonte de contaminação, não só pela toxidade de suas substâncias, mas também por propiciar a sobrevivência dos microrganismos presentes nos cadáveres em putrefação. Quando o necrochorume atinge aquíferos subterrâneos pode contaminar fontes de água potável e causar diversas doenças como a febre tifoide, hepatite A, tétano e tuberculose.
– Descarte de carcaças juntamente com lixo hospitalar seria correto?
Camila – Não, carcaças de animais devem ser descartadas separadamente de outros resíduos infectantes, e mantidos dentro de sacos plásticos devidamente identificados, sem ultrapassar a capacidade de 2/3 para que não transbordem ou rasguem.
– Para o enterro em quintais qual seria a forma correta de preparação para a não contaminação do solo?
Camila – Várias são as recomendações de como enterrar animais, no entanto nenhuma delas mostra-se inofensiva ao meio ambiente, forçando o banimento dessa prática. Em alguns casos é recomendada a adição de cal ou outro composto químico, porém o método da cremação é o único comprovadamente eficaz para que não haja contaminação do solo e transmissões de doenças.
Meu nome completo é Camila Roberta da Silva Ribeiro.
Graduada em Ciências Biológicas pela Universidade Estadual do Norte do Paraná-UENP, Campus Luis Meneghel.
Mestranda na área de Biodiversidade e Conservação de habitats Aquáticos, Universidade Estadual de Londrina-UEL
Fontes consultadas:
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